Como é bom ficar completamente por fora
É realmente fenomenal, muito forte e interessante saber que dezenas de milhões de brasileiros estão falando sobre o mesmo assunto.
Entre 2017 e 2022 acompanhei o Big Brother Brasil diariamente. Contando por baixo, vi pelo menos uns 600 dias de BBB. Como é bom cuidar da vida de quem mora de favor no Projac.
No geral, não tenho do que reclamar. O programa é fascinante, as dinâmicas, as mil regras mirabolantes, toda a parafernalha envolvida, tudo é sempre show de bola. A escolha do elenco sempre foi excelente, não sei como, mas aquelas pessoas meio que representam muito bem o Brasil. Veja, "meio que" pois representar totalmente esse país gigante é impossível. Obviamente, perfeito só Deus e toda edição tem erros e falo deles mais a frente.
Além da TV aberta, o BBB mudou muito com e por causa das redes sociais. Nos anos pandêmicos de 2020 e 2021 era impossível entrar em qualquer rede sem dar de cara com um Babu, uma Manu Gavassi, um Gil do Vigor, uma Karol Conká, entre outros queridos. Naquele tempo talvez o BBB tenha conseguido ser um dos únicos assuntos comuns de toda uma sociedade tão dividida em mil glebas.
Em 2022 o negócio foi diferente. A escolha do elenco foi muito boa como sempre, mas para a geleia geral não deu liga. Sei lá o que rolou. Com mais ou menos um mês de programa, estava um pouco chato. Aos poucos foi virando um engodo, já não tinha diversão alguma em ver o negócio, lá pelo segundo mês eu queria ter direito de pedir meu tempo perdido de volta. Pena que o Procon não oferece esse serviço. Quando a Linn da Quebrada foi eliminada, abandonei de vez. Nem vi a final.
Em 2023 não vi um dia sequer de Big Brother Brasil. Nadinha. Acompanhei a lista de participantes quando saíram os nomes e gostei muito do elenco. Ficou aí. Me senti tão lesado em 2022 que não quis arriscar.
Pensei que fosse ficar sem entender nada dos papinhos das redes sociais, mas pouco do BBB apareceu pra mim. Esse negócio de algoritmo é bom mesmo. Com exceção de muitos gifs e fotos do Fred Nicácio. Sinceramente, ele aparecia tanto que pensei que fosse vencer o programa.
Em um ou outro episódio a TV até estava ligada e eu tentava acertar o nome dos participantes. “Essa garota deve se chamar Valéria”. “Talvez Cláudia, ela tem cara de Cláudia”. “Não, Silvia, só pode ser Silvia”. Não acertei nenhum e me surpreendi com um senhor de nome Alface e outro chamado Sapato. Não sabia que objetos também poderiam ser nomes de gente. A língua portuguesa é fascinante.
Foi um baita alívio não ver o BBB 23. Talvez o melhor tenha sido ficar livre das maluquices das redes sociais, principalmente o moribundo Twitter. Sem querer, essa não-experiência me fez lembrar que é ótimo saber das novidades e como é bom ficar completamente por fora.
É realmente fenomenal, muito forte e interessante saber que dezenas de milhões de brasileiros estão falando sobre o mesmo assunto. Ao mesmo tempo, vamos convir, é difícil equilibrar desejos, expectativas e realidades de milhões de brasileiros. No caso do Big Brother, normalmente as conversas ficam muito loucas e descambam até para milícias digitais armando tramas tresloucadas e mutirões de votações dignos de tendinite aguda.
Claro, não fiquei 100% imune de todos os debates. Soube que houve casos de racismo e intolerância religiosa. Lamento e espero que as pessoas paguem na justiça pelo que fizeram. E que a Globo evite dar palco para essas pessoas no resto da programação.
Ano que vem vamos ver o que vem por aí, não dá pra saber ainda. Sim, vai ter BBB ano que vem e no outro e no outro e no outro. E vai ter gente falando que o programa vai acabar, como acontece todos os anos.
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***PS:
Lembrando que eu já até li a biografia autorizada do Gil do Vigor.
***POR HOJE É SÓ
E tá mais que bom. Essa foi a Dia Sim, Dia Não 102, logo em breve chega a 103 no seu e-mail. Enquanto isso, leia mais, leia bastante.
Multiplique o BBB por "todos os temas" e tu vai entender como eu me sinto (BEM) de estar fora do Twitter e, portanto, por fora de "tudo" o que acontece ali