Convido você a voltar para março de 2020. Tudo indica que eu e você, cada um no seu quadrado, ainda vamos fazer isso muitas vezes, em muitos lugares.
Não sei até onde vai a sua fé, mas eu sempre estive ao lado de Dráuzio Varella. Em janeiro de 2020 eu lia sobre a pandemia com o fascínio de ver alguns países do mundo pararem tudo que estavam fazendo. Em meados de fevereiro achei que tudo iria passar logo, que isso nem chegaria no Brasil ou, se chegasse, não seria nada demais (como foi a H1N1). Depois fiquei com um medo lazarento de morrer, esperei a vacina pra sair um pouco de casa e assim vai.
Naquele tempo, e talvez em por boa parte de 2021, cheguei a combinar coisas do tipo “vamos se ver quando tudo isso passar”, “vamos marcar depois que as coisas melhorarem”, “logo a gente vai estar junto de novo”. No que está implícito o fim desse pesadelo desgracento. E cá estamos todos em mais um mês de fevereiro sem Carnaval.
Nesse meio tempo a gente conheceu o Atila Iamarino, também chamado de “O Atila”, uma das mais figuras mais realistas e grande referência quando o assunto é “como é que tá a pandemia, hein???”. Semana passada este homem me chocou. E olha que cheguei naquele ponto “nada mais me choca nessa merda”.
Em 14 de abril de 2020 ele publicou uma série de tweets com um resumo de um estudo sobre a covid-19. Não fazia nem um mês que a gente tinha começado a usar máscara. Na época, os cientistas projetaram distanciamento social e quarentena (prolongada ou alternada) até 2022. Aqui em 2022 podemos afirmar que de certa forma eles serviram conhecimento da melhor qualidade.
Esse primeiro estudo também já apontava que sem imunidade permanente não havia a menor perspectiva do vírus sumir. Parece que é isso aí, galera. E tudo indica que mesmo com vacina estamos nesse ponto, ninguém sabe quando o vírus vai sair da nossa cola.
E aí como ficam todos os compromissos combinados informalmente há dois anos? Imagine se tornar realidade aquele “vamo se ver depois que tudo isso passar” com alguém que nem faz mais parte da sua vida?
A pandemia acabou se tornando a maior materialização da desculpa mais esfarrapada de todos os tempos, o “vou ver e te falo”. Sabe quando você chama alguém pra tomar uma cerveja e a pessoa fala que vai ver? Essa pessoa nunca vai ver porque não tem o que ver. Ou vai ou não vai.
Vou ver e te falo é uma das coisas mais preguiçosas e horríveis que a gente pode falar. É pior que “não posso, vou levar minha avó no jiu jitsu”, “não vai rolar tenho de ir num velório em plena sexta à noite”, “po, não consigo, tenho de fazer uma tomografia e é sem anestesia, acredita?”, “não tem como, eu combinei de fazer um bolo de cenoura”.
Tá, mas já que tamo aqui, e o fim da pandemia de verdade? Como ninguém aguenta mais a dúvida “será que to com covid, gripe ou morto por dentro”, reportagens pelo mundo estão tentando responder essa pergunta. Eu resumo pra você o que andei lendo por aí: ninguém sabe nada com certeza absoluta.
Eu sigo com o doutor Dráuzio Varella, que falou essa semana ao UOL: “nós vamos conviver com ela (a pandemia). Se você estiver vacinado, puder tocar sua vida, trabalhar, encontrar os amigos, reunir a família tomando certos cuidados, tá bom. Nós não vamos querer brigar com a natureza. A gente tem essa mania de achar que a natureza vai querer se adaptar aos nossos desejos, não é verdade”.
***UM PS
Lá em cima eu disse “E tudo indica que mesmo com vacina estamos nesse ponto, ninguém sabe quando o vírus vai sair da nossa cola.” Fica aqui meu alerta, meu pedido:
EM CASO DE INTERESSE FAVOR CONFIRMAR COM AS AUTORIDADES ESPECIALISTAS TÉCNICOS DOUTORADOS COMPETENTES ESSA NEWSLETTER NÃO TEM INTERESSE EM MEXER COM INFORMAÇÕES CIENTÍFICAS EU MAL USO A VÍRGULA ENTRE AS FRASES
***A INTERNET HEIN
Chegou a hora da seção com as maiores alegrias que a internet pode nos dar. Segue anexo algumas das coisas mais maneras que vi por aí nos últimos dias.
1 - Uma notícia:
Camila Cabello deixa barriguinha à mostra durante passeio em Miami
2 - Outra notícia:
De biquíni, Jennifer Aniston curte dia de sol na varanda de hotel no Havaí
3 - Um textão sobre a nossa época:
Past Pandemics Remind Us Covid Will Be an Era, Not a Crisis That Fades
4 - Editoria Cotidiano:
Advogado aparece de bermuda e paletó durante sessão do STJ
5 - Uma capa de revista:
6- Um exemplo de vida:
7 - Uma conversa perfeita:
***POR HOJE É SÓ
Tá mais que bom. A gente se vê em breve, enquanto isso fique com links das edições anteriores.
Pedro Almodóvar enquanto um velho da tosse
Qual é a palavra? Eu também quero saber
22 coisas que aprendi com 2021
10 perguntas para o Orkut, sim, o criador do Orkut
Qual a sua sequela da pandemia? Aquela que não tem a ver com doença