Lorde, eu também odeio o inverno
Solar Power é tudo que um mundo pandêmico precisa para seguir em frente
Semana passada saiu o novo disco da cantora Lorde. Até aí, normal, o pessoal precisa trabalhar, as contas não param de chegar. Com o tempo as redes sociais foram invadidas por fãs, admiradores, seguidores, fofoqueiros, palpiteiros, críticos, postando sobre esse trabalho. Normal, o pessoal se anima fácil (ainda bem).
Até que o Paulo Vieira fez este tweet:
Foi neste momento que eu senti que tinha algo diferente acontecendo.
Como assim as pessoas estão aclamando a alegria??? Felicidade??? Uma artista animada em pleno 2021???
A última vez que reparei na internet tão empolgada com um fenômeno pop foi com o fenômeno rock Olívia Olivio, cuja obra já analisei aqui na Dia Sim, Dia Não.
Por que uma jovem, com cara de quem come do bom e do melhor, escolhe reclamar tanto de um chifre?
Ou seja, tristeza. Como sempre, né? Mas Lorde não é Rodriga Rodrigo.
O tempo foi passando e como um bom cringe, fui deixando para ouvir o álbum depois. E depois. E mais tarde. Não é assim que a gente vai ouvindo música nova. Existe todo um processo para qualquer pessoa encontrar espaço para fazer algo novo, normalmente a gente quer mais é o conforto das mesmas coisas de sempre. Até que arrumei um tempo e taquei o play no Solar Power. Eis o veredicto.
Primeiramente, achei bem estranho esse nome, pelas minhas lembranças a Lorde era uma cantora triste. Não era triste? Depois que mandar essa newsletter vou pesquisar mais, por enquanto vamos de memória fraca.
Segundo. Qual não foi meu espanto ao descobrir que eu concordo em gênero, número e grau com tudo que a Lorde fala em Solar Power??? Eu estou em choque!!!
Vamos a uma análise da primeira frase desta obra-prima:
É sobre isso!!! É sobre quebrar o tabu, minha querida. É sobre odiar o inverno. Lorde, eu também odeio o inverno. Quem gosta dessa merda desse sentimento de sentir frio??? Só quem é triste. Só os fãs de João Gilberto.
Olho no lance para a continução da primeira estrofe.
Lorde, você está correta. O inverno é quando a gente precisa cancelar todos os compromissos, fica só o suficiente para pagar as contas e fazer as necessidades básicas da alma. No verão, alguma coisa acontece no meu coração, vambora sair de casa, vamos zuar!!!
E essa estrofe sobre a praia??? E essa outra sobre deixar o choramingo de lado???
Eu só posso dizer: é isso aí, minha querida!!! Bora todo mundo pra praia (favor seguir os protocolos, pessoal. Vá pra praia mais próxima da sua alma).
Essa canção da Lorde é tudo que um mundo pandêmico precisa para seguir em frente nessa merda desse planeta completamente doente. Eu, você, nós, vós, eles, precisamos de mais obras que trabalhem com a alegria na marra, ou isso ou a gente sucumbe.
Ao que tudo indica os jovens estão em muito boas mãos quando gastam seu tempo, dinheiro e energia ouvindo a Lorde aclamar a alegria desse jeito. É no mínimo um serviço de excelente utilidade pública, pois são milhões de envolvidos nessa tentativa de vibe boa. Até o fechamento desta edição foram mais de 64 milhões de plays só nessa canção no Spotify, ainda tem os 21 milhões de visualizações no YouTube. Isso falando só de dois desses serviços pois são muitos e eu não vou fazer essa conta.
Meu tempo está acabando e eu não vou conseguir escrever sobre as outras músicas, mas gostaria de chamar atenção para a capa do disco Solar Power:
Tem que estar muito dona de sua própria felicidade para postar ao mundo uma foto neste ângulo e com tanta luz. Em pleno 2021!!!
Eu desconfio que a Lorde mora no Rio de Janeiro e ninguém sabe. Manja aquelas pessoas tão discretas que conseguem fazer o que querem, ir e vir de boa sem serem incomodadas? Só pode ser esse o caso.
Apesar de que o clipe da música foi gravado numa praia bem feia, com gente que aparenta taxas negativas de melanina e vitamina D, não deve ser no Rio de Janeiro. É aí que a gente vê quando a pessoa disfarça bem.
Que sirva de exemplo a todos. É importante que todo mundo encontre o seu próprio Solar Power.
“Ahhh mas está difícil”
Minha querida, quem quer dá um jeito.
Que jeito você dá? Me conta, deixe seu comentário.
***UM PS
Vamos de seção PS, do italiano Post Scriptum, escrito depois. Aquela parte do texto que as pessoas que escrevem demais inventam quando não sabem a hora de parar.
A última Dia Sim, Dia Não foi sobre otimismo e vou revelar um segredo terrível: foi a edição menos prestigiada de todos os tempos. Eu entendo, estamos passando por uma fase um pouco complicada. Entendi o recado. O problema é que nesta edição acabei topando com a alegre Lorde.
***MISTÉRIO DO DIA
Na edição passada da Dia Sim, Dia Não o grande mistério foi: quanto custa o sonho de padaria mais caro do Brasil? E a resposta é… olha, sinceramente não tem resposta, essa é uma pergunta feita para sonhar. Embora o quilo do sonho seja mais ou menos 35 reais nas padarias caras de São Paulo.
O mistério do dia é: quantas pessoas seguem a cantora Lorde no Instagram? A resposta você fica sabendo na próxima Dia Sim, Dia Não.
***TWEETS DA SMN
O fds está chegando, mas ainda dá tempo de ler o melhor da literatura com os melhores tweets da smn. Hoje trabalhamos com 8 deles valendo um ponto na média e uma revolta contra o sistema.
***UM TIKTOK HORRÍVEL
Que porquera!!!
***POR HJ BASTA
Por hoje tá mais que suficiente. Esta foi a vigésima terceira edição desta newsletter. Antes da próxima, leia algumas das edições mais populares enquanto você espera a hora certa de sextar.
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pesquiso ficção científica e não aguento mais ouvir falar em distopia. distopia só era legal quando a gente não vivia uma, agora eu quero só saber de histórias bobas com finais felizes hahaha