É dezembro, eu sei. Você já deve estar com a ceia de Natal no campo de visão. Se você costuma ler essa Dia Sim, Dia Não aos domingos, talvez até esteja com as uvas passas na boca. Feliz peru para você e quem for da sua família.
Num ato de coragem e loucura completa, resolvi trazer um assunto novo para a pauta dessa newsletter nessa altura do ano. Vamos ver onde isso vai parar.
Não sei o quanto você acompanhou, mas o beatle Paul McCartney esteve no Brasil entre novembro e dezembro. Foram três semanas da turnê chamada Got Back, 8 shows de estádios em 5 estados da nação e uma apresentação surpresa e intimista para menos de 300 pessoas no Clube do Choro de Brasília. O último show da turnê foi transmitido ao vivo no streaming da Disney.
É de se imaginar que artista e todo o staff tenham pintado e bordado, ô coisa boa!!! O público obviamente se divertiu bastante, milhares de pessoas choraram, realizaram o sonho de ver esse show, nunca mais vão esquecer. Por aí vai.
Pois bem, esse contexto serve para explicar a fofoca de tons rocambolescos envolvendo tudo isso.
Saiu na imprensa a informação de que o show final dessa turnê seria o último da história da carreira de Paul McCartney. Um dos indícios era justamente a transmissão na TV, o que deixaria o registro para a posteridade.
Outro argumento veio da presença da família McCartney no Rio de Janeiro: as filhas e a esposa dele estavam na cidade para presenciar o festerê, inclusive almoçaram em restaurante no Leblon (talvez ainda estejam por lá, quem vai saber?).
Não parou aí e aqui a coisa fica ainda mais interessante. Começaram a falar sobre a possibilidade deste show contar com a participação do outro beatle vivo: Ringo Starr viria ao Brasil para tocar “now and then”, a tal última música dos Beatles, lançada em novembro desse ano. Isso aconteceria, pois, afinal de contas, seria o último dia de trabalho da história para Paul McCartney e a dupla do barulho ainda não tocou essa canção ao vivo.
Quero deixar bem claro: eu não inventei nada disso!!! Quem me dera ser tão criativo a ponto de juntar todas essas coisinhas de maneira tão concisa. Parece até aquelas novelas que do nada todos os personagens de todos os núcleos se encontram numa festa.
Antes de continuar, quero propor uma provocação. Paul McCartney pode amar o Brasil, apresentar as maravilhas do Rio para a família, tem total condição de fazer uma tatuagem de uma caipirinha na canela direita, mas o cara é britânico. A troco de que ele encerraria a carreira no país Brasil por livre e espontânea vontade???
Outra coisa: Paul foi integrante dos Beatles, lembra? A primeira boyband de todos os tempos. A banda de rock mais popular da galáxia por décadas. A primeira banda psicodélica da história do universo. Os criadores do clipe, dos shows de estádio, de várias estripulias do capitalismo. Porém, eles são de Liverpool. Eles falam inglês!!! Por que raios os senhores remanescentes desse grupo fariam uma reunião especial em um país tropical da América do Sul???????????
O que os criadores dessas fanfics beberam??? Se alguém souber o que foi, escreva nos comentários, por favor, eu quero saber!!!
Essa fantasia virou notícia em sites especializados em música e portais de notícia de todo o Brasil. Saiu no jornal O Globo, um veículo de prestígio nesse país. As fontes da maior parte desses veículos eram “rumores da internet” e um jornalista fã dos Beatles que teve acesso a essas informações através “de fontes”. Não li nenhuma notícia com explicações do tipo “procurada a produtora do show e os artistas citados não negam nem confirmam”.
Li em uma dessas notícias que esse fim de carreira aconteceria por causa da “idade avançada” do queridão. Bicho, se quem tá escrevendo o texto é uma pessoa carcomida pelo tempo usar esse critério para todo mundo fica complicado.
Algumas dessas notícias usavam como argumento importante o fato de que a área dedicada às turnês no site do artista não tem mais nenhum show marcado para 2024.
Pessoal!?!?!!!???
O que é isso?
Como é possível um negócio desses?
E no show que encerrou a turnê brasileira nada disso aconteceu, não teve participação especial de ninguém, nem anúncio de nada. As últimas palavras do artista no Maracanã foram: “até a próxima”.
Essa é a minha fake news favorita de 2023. E olha que a concorrência foi grande. Hoje em dia são tantas mentiras, tantos delírios… Tantos e tantas coisas… tantas reticências. Aparentemente esse factoide mostrou fragilidades da imprensa nacional, mas tudo indica que não houveram vítimas. O problema dessas fake news é quando as conversinhas fazem gente inocente perder dinheiro.
Interessante que Paul McCartney é vítima de notícias falsas e teorias da conspiração desde os tempos mais primórdios. Quem se lembra daquela história maluca de que ele morreu e foi substituído por um sósia que tá aí até hoje na praça? Isso é dos anos 1960, 1970. Tem vários supostos indícios nas capas dos discos.
Por que será que as pessoas olham para a cara de Paul McCartney e pensam: “tá aí, vou inventar uma mentira sobre esse sujeito”???
A falsa aposentadoria de Paul McCartney é uma das loucuras de 2023 que confirma o que todos nós já sabemos: todo mundo pode cair em qualquer conversinha. Ninguém está imune, não importa o nível de escolaridade, a classe social ou qualquer outra classificação pontual. Cada celular é um possível criadouro de algum tipo de doideira.
Vamos nos divertir.
Salve-se quem puder.
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***PS:
Nesse fim de ano, fica aqui o meu desejo de boas festas para você e para quem for da sua família. Digo mais, desejo ÓTIMAS FESTAS, EXCELENTES FESTAS, FAÇA FESTAS, APROVEITE.
***POR HOJE É SÓ
Termina aqui a Dia Sim, Dia Não 139. Hoje foi pouca coisa pois fim de ano, né, pessoal? Vamo com calma. Em breve, a edição 140 chega no seu e-mail. Enquanto isso, leia mais, fique com as 3 listas de melhores de 2023:
😂
E o mais louco de tudo isso ninguém comenta: fui seguindo o fio e o negocio partiu de um post no Facebook! Quer dizer que as pessoas ainda entram no Facebook? O algoritmo ainda entrega conteúdo em 2023??? Nada disso faz sentido. Agora, a autoestima do carioca é mesmo maravilhosa. Quero acreditar que o cara ia querer fazer o último show em Liverpool, mas não, tem que ser no Maraca, São Paulo não tem um visual desses, etc. Enfim, Paul deve ter dado boas risadas disso - o que, como um homem inglês, é o equivalente a um meio sorriso. Mas mesmo assim.