Lembra quando "isso é muito Black Mirror" significava se espantar com a modernidade?
Sem spoilers para não atrapalhar a experiência de ninguém.
Soube que a série Black Mirror voltou. Lembra quando "isso é muito Black Mirror" significava se espantar com a modernidade bem modernosa? Bons tempos. Em 2023 tem tanta coisa louca por aí que isso nem faz mais sentido. Sinto até uma nostalgia de tempos mais simples, de uma época menos distópica.
A primeira temporada dessa série saiu em 2011. Bicho, pra se ter uma ideia, nessa época a apresentadora e atriz Maisa tinha 9 anos de idade. O tempo voa.
Em 2011 não existia essa mordomia de ligar a TV e ter todo o catálogo de conteúdo global disponível. Lembro que tive de baixar os capítulos, sincronizar as legendas, fazer sei lá mais o que para ver o bagulho. Aí o primeiro episódio era o ministro britânico escolhendo entre a morte da princesa ou uma transa com um porco ao vivo em rede nacional. Forte.
Como esquecer outras histórias marcantes? Aquele que implantaram um chip na cabeça da garota e todas as memórias dela eram gravadas para sempre, não deixando a opção de esquecer coisas constrangedoras que aconteceram na balada por volta das 4h20? E aquele da mulher que é cancelada pela sociedade e acaba literalmente excluída de tudo? Teve o do garoto que foi chantageado por um criminoso, pesadíssimo.
Essas cenas que eu descrevi sem um pingo de cuidado pelo texto foram ao ar entre 2011 e 2013. Se a gente pensar um pouquinho vai perceber que tudo isso já é mais que a mais pura realidade.
Um dos episódios mais realistas é aquele que as pessoas ganham notas uns dos outros e são queridas ou excluídas justamente por causa disso. Tipo o que já acontece hoje em dia com Uber, Google Maps, Booking, iFood, nos likes e seguidores de todas as redes sociais (inclusive o Substack), etc.
Uma aventura que ainda não se tornou 100% realidade, que eu saiba, é o San Junipero. Mas será que a gente quer lidar com a morte desse jeito? Chegou a hora da foto no meio do texto para mudar de assunto, vou deixar a pergunta sem resposta.
Tá, mas e a nova temporada?
Comecei assistindo ao episódio com Aaron Paul. Impossível minha cabeça não associar a história do astronauta com Jesse Pinkman de Breaking Bad. Pra mim é como se Jesse tivesse arrumado esse trampo para evitar problemas com a justiça americana, uma continuação de tudo. Sei que o episódio acontece nos anos 1960, mas não importa, eu sou maluco, a série é dos outros mas a realidade é minha.
Os episódios Loch Henry, Mazey Day e Demônio 79 me divertiram muito. É muito bom rir de true crime maluco, ainda mais sabendo que é tudo ficção. Se pensar bem, às vezes é o que acontece com as obras reais de true crime.
Joan is Awful para mim é o auge da temporada pois é mais complexo que o filme Se Eu Fosse Você. Vou até fazer uma resenha com um pouco mais de informação, mas sem spoilers para não atrapalhar a experiência de ninguém.
Joan leva uma vida normal, em um dia de trabalho ela manda uma garota embora, vai pra terapia, encontra um ex em um bar, janta com o marido em casa, senta para ver TV e descobre que seu dia virou conteúdo de um famoso streaming. Ela não tinha ideia de que nada disso iria acontecer.
Essa história é TOP por ser uma série da Netflix rindo da própria Netflix, sinal de que a empresa tem muito bom humor e tá bem resolvida com algumas coisas. Fora isso, veja só, imagina o horror que seria DO MAIS COMPLETO NADA saber que o seu dia virou conteúdo? Nem precisa ser série, pode ser podcast, livro, um videozico no TikTok.
A pergunta que não será calada: você sentiria vergonha em saber que o mundo inteiro assistiu tudo que passou pela sua vida? Se a resposta for não, meus parabéns, você não tá nem aí para mais nada.
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***PS:
Fiz o que pude para não dar nenhum spoiler, mas se você considera algumas dessas coisas um spoiler, peço desculpas, a vida é complicada.
***PS 2:
E você viu que a turma metida com passeio de submarino foi de My Heart Will Go On??? Que o Jack e Rose os tenham. É muito peculiar, NA MESMA SEMANA, assistir à Black Mirror e acompanhar a história bilionários naufragando enquanto visitavam um navio que naufragou há mais de 110 anos.
Imagine o que vai ser o fim de semana.
***ESQUEMA DE PIRÂMIDE:
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***POR HOJE É SÓ
Termina aqui a Dia Sim, Dia Não número 116. Em breve a edição 117 chega aí na sua casa enquanto eu fico por aqui na minha casa. Porém, não vá embora, leia mais:
Hoje não teve Drauzio, Davi :( Fim de uma era?
Ainda não assisti a nova temporada,mas graças a esse texto descobri que não tô nem aí pra mais nada (mas estou bem aí pr acompanhar essa tour mal sucedida do submarino, obrigada internet haha)