Está cada dia mais difícil presenciar um show histórico
A não ser que seu conteúdo viralize na véspera e a marca patrocinadora te convite para uma presença VIP.
Eu não fui, mas me contaram que em 1985 um grupo de amigos tava na praia de bobeira e alguém falou: coé, partiu Rock in Rio? Eles foram até Jacarepaguá (longe pra caramba), compraram o ingresso na hora e assistiram aquele show do Queen.
Aquela famosa apresentação quando Freddie Mercury cantou Love of My Life com coral (e outras mais, óbvio). Esse show saiu até no famoso filme do Queen. Imagino que quem estava lá vai lembrar da apresentação para sempre.
Sorte de quem viveu tempos mais simples pois hoje em dia é quase impossível presenciar um troço histórico com tamanha irreverência.
Na noite do último domingo abri o Twitter para esquecer os meus problemas tendo contato com os problemas dos outros. Quem procura, acha. Dei de cara com fãs da Taylor Swift na fila para a venda de ingressos para o show da cantora que acontece em novembro de 2023.
É isso, hoje em dia você compra ingresso para um espetáculo que vai acontecer daqui meses. Tem ingresso sendo vendido com um ano de antecedência. É o ápice da organização, a sociedade está tão ansiosa que não existe mais o que um dia chamamos de “vamos ver um show HOJE?”.
Os jovens estavam na frente dos estádios Allianz Parque em SP e Engenhão no Rio domingo e os ingressos seriam vendidos na segunda de manhã. Milhares desses fãs chegaram aos estádios pelo menos uma semana antes.
Como se não bastasse, teve briga, discussão, ameaça de morte, constrangimento, choro, xixi nas calças. De um lado fãs da Taylor Swift, do outro cambistas querendo garantir o ganha pão (de uma forma muito peculiar). As autoridades tiveram de intervir.
Bicho, era só para ser um show, não? Virou uma epopeia dramática adolescente em busca de umas horas de alegria.
De acordo com a Folha (perdi o link, vai sem referencia, acreditem em mim), depois de comprar os ingressos essa galerinha iria voltar para a fila só para esperar o início do show. EM NOVEMBRO. Vão ficar cinco meses vivendo em situação insalubre por causa de um espetáculo de três horas.
Bicho, dá muito trabalho interromper toda a nossa vidinha besta só para ver um show.
Quem deixou para comprar o ingresso pela internet teve de entrar em uma espera virtual com mais de um milhão de pessoas. Como pode um milhão? Lembrando que não existe a opção deixar para comprar o ingresso “amanhã”. Está cada dia mais raro show com ingressos à venda sem pressa.
Para acalmar o coração de alguns fãs e ganhar ainda mais dinheiro, anunciaram shows extras da turnê e nova venda de ingressos. Parece que o sofrimento e a guerra de jovens com cambistas continua na porta dos estádios.
Esse é só um exemplo de como é um inferno ir em um show hoje em dia. Eu mesmo já passei por situações no mínimo doidas envolvendo tais catarses coletivas. Em abril eu fui em uma apresentação cujo ingresso comprei em novembro de 2022. Em maio de 2023 adquiri meu lugar em um show que está previsto para agosto deste ano. Já comprei ingressos em maio de um ano para ir a um festival de música em junho do ano seguinte.
Aí você chega lá e uma pessoa de 2 metros de altura para bem na sua frente.
Na véspera do evento você come camarão passado e perde a apresentação tão aguardada.
Pior, dias antes do grande encontro o artista cancela tudo, foda-se, ninguém assiste à merda nenhuma.
O lance é aproveitar os momentos mais simples, dar valor aos pequenos likes e mais singelos comentários que a vida nos oferece. Está cada dia mais difícil presenciar um show histórico. A não ser que seu conteúdo viralize na véspera e a marca patrocinadora te convite para uma presença VIP (BOA SORTE).
Aos fãs da Taylor Swift que não conseguiram nem vão conseguir o ingresso, aos que não vão viralizar nem com muito esforço, deixo minha mais sincera torcida para o evento passar no canal Muito Show. Pelo menos vai dar para ver em HD pra sempre no YouTube.
Adianto a torcida para os fãs da Beyoncé, pois dizem que ela vai sair lá da casa dela para vir ao Brasil.
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***PS:
Deixo minhas boas vindas a todo mundo que está chegando aqui na newsletter. Nem sempre artistas pop são assunto por aqui, normalmente eu costumo escrever sobre jejum intermitente, traumas, links para preencher o vazio da existência e kibes.
***POR HOJE É SÓ
E tá ótimo, esse assunto já tá até velho. Termina aqui a Dia Sim, Dia Não 113, muito em breve a 114 chega aí na sua casa. Enquanto isso, não fique sem rumo, leia mais:
Nem me fale guria já tô nervosa com o estresse que vai ser queen bee no brazil
Eu, cheia de energia geminiana que me faz mudar de ideia mil vezes em um mês, só compro ingresso pra ver artistas que eu amo há muitos anos. E não gosto dessa ideia de ter que estar em um lugar determinado em uma hora determinada. Pensa em tudo que pode dar errado?!
Anyway... só tive que discordar de uma coisa, um show, muitas vezes, não é só um show. É toda aquela relação emocional que construímos com a obra do artista e toda a experiência de gritar suas músicas favoritas com outras milhares de pessoas que vão fazer o mesmo. Eu acabo indo em poucos shows mas adoro.
Uma dúvida que me bateu... hoje em dia, o que é um show histórico? Aquele lá do Queen em 1985 com certeza foi mas e atualmente? O que é um show histórico? Penso imediatamente no último show do Milton Nascimento... e só.